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«Foi novamente como se a
Vida, com todos os seus segredos, estivesse próxima de mim, como se eu a
pudesse tocar… E ali sentia-me imensamente segura e protegida. E pensei:
“Como isto é estranho. É guerra. Há campos de concentração. Pequenas
crueldades amontoam-se por cima de pequenas crueldades. Quando caminho pelas
ruas, sei que, em muitas das casas por onde passo, há ali um filho preso, e
ali um pai refém, e ali têm de suportar a condenação à morte de um rapaz de
dezoito anos.” E estas ruas e casas ficam perto da minha própria casa.
Sei do grande sofrimento humano que se vai acumulando, sei das perseguições e da opressão… Sei de tudo isso e continuo a enfrentar cada pedaço de realidade que se me impõe. E num momento inesperado, abandonada a mim própria — encontro-me de repente encostada ao peito nu da Vida e os braços dela são muito macios e envolvem-me, e nem sequer consigo descrever o bater do seu coração: tão fiel como se nunca mais findasse…» A 9 de Março de 1941, quando Esther (Etty) Hillesum começou a escrever, no primeiro dos oito cadernos de papel quadriculado, o texto que viria a ser o seu Diário, estava-se longe de pensar que começava aí uma das aventuras literárias e espirituais mais significativas do século. Ela tinha vinte e sete anos de idade e morreria sem ter feito trinta. A 30 de Novembro de 1943, a Cruz Vermelha comunicou a sua morte em Auschwitz. |
"Os livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; e os mais pacientes professores" Charles W. Elliot
sábado, 11 de janeiro de 2014
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